sexta-feira, 5 de junho de 2009

MEMORIAL DE UMA DÉCADA - ANO 50 -




Entrevistada – Professora Esmeralda Maria Aragão
01 – O que levou a professora a escolher a profissão de professora? Na década de 50 a profissão de professora, era uma alternativa na base para as mulheres, principalmente para pessoa de classe média, e tinha esse caminho de escola normal. Que chamávamos de Exame de Suficiência, fiz o exame, fui aprovada, e cursei com bastante interesse, porque eu gostava muito de criança e tinha a idéia de um dia ensinar. Tive ótimos professores e de certa forma estimulava os alunos a seguir a carreira de Magistério, concluir o curso em 1942, e fiquei na expectativa de passar no concurso de professor, depois fui ensinar o primário.
02 – O que significa ser Professora? Ser professora é ser alguém, que tem uma vontade especial, um sentimento especial de amar o próximo, principalmente as crianças, porque quando começamos a ser professora, ensinamos primeiro a criança conhecer a criança, transformá-la em uma pessoa que vai crescer para a sociedade, ser útil a sociedade, ser um cidadão. Ser professora para mim é um orgulho! Até hoje minhas colegas de turma, comemoramos nossa formatura, sentimos a importância de ser professora. E na universidade temos o desejo de ser útil aos alunos.
03 – Como eram as escolas na década de 50? Na década de 50 não tinha escola, com poucas exceções, não eram bem organizadas, funcionava com bons professores, mas o apoio pedagógico propriamente dito, praticamente não existia, os professores como se dizia “Pau para toda hora!” Eram os professores que organizavam sua aulas, criavam programas e atividades para as crianças se interessar, era uma forma pouca assistida pelo governo. Em 1947 os professores, minha turma criou uma associação que chamou Sociedade de Professores Primário, com objetivo de chamar a atenção dos professores, para o papel de professor, não era só o papel pedagógico de ensinar, mas pelo que eles representavam na sociedade, por isso deveriam ter melhores estímulos e recompensas. Esse movimento nasceu de uma revolta, tínhamos uma professora da Escola Maria Quitéria, que um dia ao ler o jornal viu a nomeação de uma merendeira, que anteriormente era uma auxiliar, com o salário quase o dobro de uma professora. Ficamos revoltas, aí pensamos em fazer um movimento. Os professores já vinham se queixando da falta de apoio pedagógico, era um giz, papel, cadernos e livros que não tinha, os professores que compravam, e que na época era essencial que os professores tivessem.As salas eram cheias e a disciplina muito difícil de controlar, o maior esforço era do professor para tornar a escola com condições, para ele transmitir o seu conhecimento para as crianças. Na década de 50 foi o maior movimento associativo, chamado primárias, que ouvia no norte e nordeste do país. Daí outras associações foram criadas, e houve aquela conscientização dos professores se unirem e trabalhar em prol de uma melhoria salarial e pedagógica. Foi durante a gestão de Anísio Teixeira, que realmente o panorama da escola e da associação primária mudou. Ele fundou a biblioteca escolar, a rede de biblioteca escolar, foi um passo adiante na formação dos professores, além de dá condições para ensinar.
04 – Como foi sua vida acadêmica? Fiz jornalismo, minha vida acadêmica foi muito interessante, tive a oportunidade de conhecer muitos jornalistas, que fizeram sucesso na Bahia. Tinha pessoas com mais idade, outros mais jovens e um grupo de mulheres, eram 12, todas que já exerciam outra profissão, mais que se encantaram em fazer o curso de jornalismo, naquela época tinha 30 anos. Foi tudo muito movimentado. O reitor deu passagem e hospedagem para os universitários, irmos a Bueno Aires, na época em que Perón faleceu, assistimos um movimento Perón, foi um grande final de curso de Jornalismo. Regressei para o curso de Biblioteconomia, minha turma era pequena não passava de 12 a 15 alunos. Como eu era interessada em fazer jornalzinhos, fui eleita para fazer parte do Diretório Acadêmico, e assim fiz parte de reuniões com outros diretores e outras unidades, participando de congressos, fazíamos rifas para poder viajar. Viajei pelo Brasil, assistir o 1º Congresso que aconteceu em Recife, com um grupinho de colegas, já tinha aquela maneira de ir adiante, caminhar sempre, um pouco mais. Fui participante da Associação de professores e diretora e por ter o curso de jornalismo, fiz o jornal a Voz do Professor, que circulou de 50 até década de 70 mais ou menos, a liderança foi afastada cuidando outras coisas e o jornal acabou, foi uma época interessante. Minha ação no diretório acadêmico foi muito grande, com organização que chamávamos de embaixada, para realizações de congressos, atividades da profissão, sempre fui uma comandante da turma.
05 – Como foi sua vivência na Universidade? Foi no diretório acadêmico, através da participação de reuniões de estudantes. A Universidade Edgar Santos era antiga, que nasceu para ser importante no cenário brasileiro, as atividades daquela época dá dez a zero nas universidades de hoje.
06 – Como se dava o processo de ensino aprendizagem, como era a metodologia? Claro que não tinha na época, as tecnologias de hoje, nós tínhamos nossas ferramenta, o livro propriamente dito. Os professores tinham que conhecer suas atividades, ter outros cursos em outros países, para poder transmitir aos alunos o conhecimento, como Bernadete das Neves, Laura Rúbia etc. A partir de 59 com criação da Federação Brasileira de Educação, realizou o 1º congresso na Bahia, onde acontecia reuniões com as associações e a federação, e a carta mensal, um boletim onde dava notícias interessantes da região, e quando oportuno do estrangeiro.
07 – Você tem alguma crítica a fazer sobre a presença da ludicidade em sua vida profissional? Crítica não! Eu sempre me destaquei modéstia parte, na minha turma, desde o início, no diretório sempre participei de congressos, de artigos de revistas e palestras. Não tenho critica, a não ser a falta de algumas oportunidades ou estímulo maior para outras pessoas da profissão, quanto mais que a turma era pequena.
08 – Como você encarava a ludicidade na educação? Dar para contar alguma experiência? Minha experiência na educação, foi com muito amor na organização, nos congressos, colaborei com outras colegas para criações de bibliotecas, viajei para o interior do estado, fundando bibliotecas, jornal, e revista. Fui presidente da Associação Baiana de Bibliotecária, depois participante estadual, regional e federal, foi bastante interessante.
09 – Se você tivesse a chave de um baú da Educação e conseguisse abri-lo o que faria? Bem, pensando realmente com esse desenvolvimento da tecnologia, iria aproveitar essa tecnologia, aplicando experiência anteriores. Pensava em criar umas historias e com a historia da biblioteconomia, estou muito iniciante na tecnologia, mas tenho vontade em arranjar alguém que pegue minhas histórias e transforme. Eu criei com uma colega quando fizemos o mestrado, um arquivo só para crianças pequenas, desenhamos um artístico, como elemento principal da história, por exemplo: o Gato de Borba. As crianças não tinham facilidade com a leitura, ainda eram pequenas, existiam outros livros com formação maiores. Mas, eu queria criar livros só com desenhos e pouco texto, para que depois a criança, cria-se uma outra história com o que viu, e nesse arquivo seria sua própria criação. Nesse período, tive orgulho muito grande de trabalhar com Denise Tavares, foi uma companheira, colega, no qual escrevi um livro sobre ela. Nunca me separei nem me soltei da idéia de educar, adultos e crianças, estudantes de biblioteconomia, acho que cumprir nessa época um bom papel como professora.
10 – Expresse através de três palavras o sentimento de ser educador. A primeira dela é o amor, amar as crianças, amar as pessoas. Incentivar a leitura constantemente. Criar nas pessoas que estiverem na sua orientação, uma forma de estímulo sobre a educação e assunto constante do cotidiano da vida.
11 – Deixe um recado para o curso de Pedagogia. A futura pedagoga de hoje, tem muitas possibilidades de crescer, com experiências, atividades dentro de uma esfera tecnológica. É importante dizer também, que nosso país é pobre, que não tem escolas, basicamente com tecnologia ou sem tecnologia Que ser pedagogo, tem que ter consciência em amar as crianças, responsabilidade profissional dentro da sociedade, procurar estimular na sociedade dias melhores, apesar de todo avanço, nós precisamos de muita reflexão de como ensinar ou transmitir informações, dando caminho as crianças e aos jovens.
12 – Sei que a senhora fez várias especializações, gostaria que citasse algumas? Fiz mestrado de Biblioteconomia na Paraíba, depois fiz um curso de extensão em Cachoeira. Dentro da escola criei vários cursos de especialização, entre outros. Quando fui convidada para fazer um projeto na escola de Arquitetura, o presidente era meu amigo um cachoeirense, por ser uma cidade histórica, e querendo levantar a cidade, começamos um trabalho com a comunidade, logo conseguimos um prédio, o governo do estado juntamente com o reitor reconstruíram esse prédio, e nos formamos uma biblioteca. Depois levávamos os alunos a biblioteca Foi um grande trabalho com a comunidade.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Fatos Historicos Educacionais da década de 50

A década de 50 representou grande avanço na pesquisa científica relacionada a área de Educação no Brasil, fato que se deve, em grande parte, a Instituição do Centro Brasileiro de Pesquisa Educacionais (CBPE) e de seus congêneres Centros Regionais, instalados em São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre. Criado em 2955, o CBPE era subordinado ao Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INPE), órgão do Ministério da Educação e Cultura. Desde 1952, o INEP foi dirigido por Anísio Teixeira, que foi também o primeiro Diretor do CBPE e pelo Centro Regional, bem como a sua inserção no âmbito da política.
A criação do CBPE permitiu aflorar significativa discussão quanto ao conceito de pesquisa educacional e à definição do papel da ciência - especialmente no caso das ciências sociais na investigação dos problemas da escola brasileira e na busca de suas soluções.
Ainda nos anos 50, foi realizada a campanha Nacional de Erradiação do Analfabetismo (CNEA), que marca uma nova etapa nas discussões sobrea educação de adultos. Seus organizadores compreendiam que a simples ação alfabetizadora era suficiente, devendo dar prioridade à educação de crianças e jovens, aos quais a educação ainda poderia significar alteração em suas condições de vida.
Em 1952 foi criada a Campanha Nacional de Educação Rural (CNER), inicialmente ligada a Campanha de Educação de Adolescente e adulto - CEAA. A CNER caracterizou-se no período de 1952 a 1956, como uma das instituições promotoras do processo de desenvolvimento de comunidades no meio rural brasileiro.
Em 1958, foi realizado o segundo Congresso Nacional de Educação de adultos, objetivando avaliar as ações realizadas na área e visando propor soluções adequadas para a questão, Foram feitas críticas à precaridade dos prédios escolares, à inadequação do material didático e a qualificação do professor.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Educadora da década de 50


Esmeralda Maria de Aragão filha de Octavio Pinto de Aragão e Eufrosina Maria de Aragão. Nasceu em 19de outubro de 1924 em Salvador.
Professora do ensino fundamenta do Instituro Central Isías Alves - ICEIA em 1942, lecionou na Escola Maria Quitéria
Jornalista pela Universidade Federal da Bahia - UFBA em 1952
Bibliotecária da Escola de Biblioteconomia e Comunicação, atualmente Instituto de Comunicação e Informação - ICI.
Mestra pela Universidade Federal de Paraíba.
Exerceu atividades academicas por 38 anos na UFBA. Destacou-se em atuações na área associativa tendo ocupado diversos cargos, inclusive presidente da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários.
Aposentada pela UFBA, e ainda exerce a função de Diretora do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.

Historicidade de Anísio Teixeira




Pedagogo, Filosófo e educador, nasceu em (1900-1971)responsável para a difusão das idéias pragmatistas de Johon Dewey no Brasil.

Realizou experiências efetivas, como a criação do Centro Popular de Educação, conhecido como Escola Parque, esse projeto pretendia desenvolver uma escola piloto que posteriormente pudesse atender alunos de toas as classes indiscriminadamente.

Visa uma educação universal integral, que incluía alimentação, higiene, socialização, preparação para o trabalho e cidadania.

Anísio Teixeira participou da instalção da Universidade de Brasília, e de inúmeras reformas educacionais, foi um pensador fecundo, com amplo conhecimento da história brasileira, ancorado numa filosofia da educação.

Opositor da teoria tradicionalista, e por ser um progressista, dizia que é preciso dar condições para que o aluno desenvolva uma atitude cientifíca, e aprenda por si mesmo, o que não é possível pela distribuíção de disciplinas separadas, ministrada por professores em compartimentos estanques.

A escola deveria ser o lugar da elaboração de projetos, que exigem reflexão, intensa atividade participativa e que levam a conquista progressiva da autonomia da responsabilidade do educando.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Década de 50


Era Vargas



É importante ressaltar que no Brasil o movimento da Escola Nova só começou na década de 20, com diversas reformas esparsas do ensino público. Essas idéias foram expressas de maneira objetiva em 1932, no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Foi de suma importância, porque representou a tomada de consciência da defasagem existente entre a educação e as exigências do desenvolvimento.

O surgimento deste Manifesto, foi em época de conflitos entre adpetos da escola renovada e os católicos conservadores, que detinham o monopólio da educação elitista e tradicional. O movimento entrou em recesso, ressurgindo na década de 1950, com a participação de pedagogos: Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira e Lourenço Filho.
No final dos ano 50 e início da década de 60, o revigoramento da vida democrática do país reascendeu o debate dos grandes problemas nacionais. Os setores políticos progressistas buscavam mobilizar as massas,
reivindicando a implementação de reformas de base. Havia preocupação de abrir canais para ampliar a participação popular no processo político, entre elas a educacional - e erradicação do analfabetismo e elevação do nível de ensino geral do povo.
Nesse contexto histórico é que surgiu e se desenvolveu o pensamento pedagógico de um dos mais educadores brasileiros Paulo Freire.
Até os anos 50, o maior problema do sistema educacional brasileiro era quantitativo: a rede de escolas não era suficiente para atender a todas as crianças e jovens em idade escolar. Embora a expansão da rede física nos últimos 30 anos tenha ampliado extraordinariamente as oportunidades de acesso à escola, o diagnóstico do sistema educacional brasileiro nos anos 90 revela um panorama nada animador.